Mar
11
2025

Em ato no RJ, mulheres reivindicam ampliação de direitos e pedem responsabilização de golpistas

Manifestação contou com a participação de professoras da UFF. Teve como mote: "Mulheres em luta contra o alto custo de vida, o fascismo e todas as violências. Pela legalização do aborto! Pelo fim da escala 6x1 e por trabalho e salários dignos! Por justiça ambiental, soberania alimentar, direito à água e contra militarização de nossas vidas e territórios. Basta de genocídio negro, indígena e palestino. Por democracia, sem anistia para os golpistas de ontem e os de hoje"

Com muitas cores e bandeiras, manifestantes voltaram a ocupar as ruas do Centro do Rio de Janeiro, no ato referente ao Dia Internacional de Luta das Mulheres. Da Candelária à Cinelândia, o protesto desta segunda-feira (10) percorreu a avenida Rio Branco, apresentando as reivindicações que abarcavam diversas áreas: direitos trabalhistas, combate às violências e ao fascismo, discriminações, misoginia, genocídio e movimento ambiental. Todas convergiam para a constatação de que é preciso voltar às ruas unidas para deter retrocessos e colocar as demandas feministas em pauta.

Organizado pela frente 8M/RJ, o ato teve como mote: "Mulheres em luta contra o alto custo de vida, o fascismo e todas as violências. Pela legalização do aborto! Pelo fim da escala 6x1 e por trabalho e salários dignos! Por justiça ambiental, soberania alimentar, direito à água e contra militarização de nossas vidas e territórios. Basta de genocídio negro, indígena e palestino. Por democracia, sem anistia para os golpistas de ontem e os de hoje".

Para Kênia Miranda, docente da Faculdade de Educação da UFF e ex-dirigente da Aduff-SSind, o ato é de extrema importância e representativo. Realizado em diferentes capitais brasileiras, as manifestações trouxeram extensa pauta pela ampliação dos direitos das mulheres. Enfatizam ainda a luta feminista contra o ascenso da extrema direita e do fascismo no país e no mundo. 

"É uma luta pela vida das mulheres mas também pela vida do conjunto de todas as pessoas, das crianças, da classe trabalhadora", disse a professora. "Sindicatos, movimentos sociais, movimentos de mulheres, partidos políticos, movimentos LGBTQIA+, movimentos em defesa das crianças precisam ser fortalecidos. Precisamos fortalecer essas lutas para que elas sejam capazes de olhar para a especificidade dessas pautas e organizá-las", concluiu Kênia Miranda. 

Fim da escala 6x1

"8M é uma data que nos mobiliza para as ruas, precisamos dar visibilidade a estas lutas, por saúde, escola, assistência social", disse Gelta Xavier, professora da Faculdade de Educação da UFF e ex-dirigente da Aduff. 

Ela também mencionou as pautas trabalhistas como fundamentais para a vida das mulheres, entre elas a defesa do fim da escala 6x1, que contribui para sobrecarregar e explorar ainda mais as trabalhadoras: "é preciso lutar para que haja tempo e condições para uma vida plena e digna", afirmou.

“A principal luta das mulheres é pela igualdade de direitos, pela autonomia, pelo respeito e o direito ao aborto, de decidir se vai dar a luz ou não”, disse Maria Onete Lopes Ferreira, docente da UFF em Angra dos Reis. A docente ressalta ainda a preocupação com a luta contra o fascismo, um dos eixos do 8M em 2025, ameaça em âmbito mundial cujo combate, observou, é urgente e necessário.

Por Justiça e Sem anistia 

Mulheres disseram palavras de ordem pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de todas as pessoas envolvidas na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. 

Em defesa dos direitos democráticos e contra todas as formas de violência, o Coletivo Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça (FeN) participou ativamente do 8M, pela primeira vez na história da organização independente e suprapartidária de Direitos Humanos, reafirmando o compromisso com a construção de uma sociedade mais justa.

"Somos um grupo formado por parentes de afetados pela Ditadura Civil-Militar – filhas, filhos, netos, netas, sobrinhas e sobrinhos – que traz a voz de uma geração silenciada, essencial na luta contra os retrocessos democráticos no Brasil. Nossa história não é uma herança familiar isolada, mas um patrimônio coletivo de toda a sociedade", explicou Diana Sobar, historiadora.

O grupo destacou o protagonismo das mulheres em todas as formas de resistência – mães, avós, companheiras e filhas que enfrentaram a repressão e exigem seus direitos. Houve lembrança à figura de Eunice Paiva, interpretada pela atriz Fernanda Torres na produção “Ainda Estou Aqui” - que venceu o Oscar de filme estrangeiro em 2025.

Palestina Livre 

A professora Nazira Camely, da Faculdade de Economia da UFF, levou à manifestação no Centro do Rio uma bandeira da Palestina - imagem recorrente ao longo do protesto. “Hoje o centro da luta anticolonial, antiimperialista e da própria luta de classes é na Palestina. E as mulheres palestinas dão seus filhos para essa luta. Então, nada mais justo do que no Dia Internacional da Mulher Proletária a gente empunhar bem alto a bandeira da Palestina: Palestina Livre!”, disse.

Feminicídio diário

A manifestação de mulheres pediu o fim da violência contra mulheres e lembrou que a "Lei do Feminicídio" completou, no dia 9 de março, 10 anos desde sua sanção. 

De acordo com a Lei 13.104/15, o assassinato de mulheres motivado por questões de gênero é tipificado como crime hediondo. E ainda assim o Brasil segue em liderança de casos de feminicídio, com quase mil assassinatos de mulheres por ano, de acordo com números do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).

Outro dado preocupante foi divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontando que nos últimos doze meses, 21,4 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência - verbal, física, sexual, patrimonial, entre outros. 

"Ao chegar à Cinelândia, o ato culminou com apresentações culturais que celebravam a força e a diversidade das mulheres. Foi um momento de reflexão sobre as conquistas alcançadas e os desafios que ainda enfrentamos. A presença de milhares de companheiras  e companheiros, que apoiam a nossas causas no evento, mostrou que, juntas, podemos transformar dor em luta e esperança em realidade", disse Sonia Lúcio Rodrigues - professora da Faculdade de Serviço Social da UFF e ex-dirigente da Aduff-SSind e do Andes-SN.

Da Redação da Aduff
Fotos: Arquivo Pessoal

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