Noticias 2016
Governo quer idade mínima de 70 anos e fala em pedágio de 40% na transição
Futura exibe debate sobre 'Escola Sem Partido' com docente da UFF
Programa vai ao ar a partir das 21h e terá entre os debatedores professor da UFF crítico ao projeto que quer uma educação sem pensamento crítico.
Senado faz consulta sobre PL da 'mordaça' na sala de aula
Câmara de Niterói exclui referência a debate de gênero e diversidade da escola
Frente nacional vai combater projetos que proíbem debate na sala de aula
Diversidade e orientação de gênero na escola vão estar em pauta na Câmara de Niterói nesta quinta (14)
Sessão é aberta ao público; todos estão convidados a acompanhá-la, a partir das 17h, e pressionar vereadores a assegurar debate sobre gênero nas escolas
O Plano Municipal de Educação (PME) para o próximo decênio (2016-2026) foi aprovado em primeira discussão, durante a sessão da Câmara dos Vereadores, na tarde desta terça-feira (12). No entanto, é necessária uma segunda rodada de votações, prevista para a tarde desta quinta-feira (14), a partir das 17h. Na ocasião, serão apreciadas as emendas dos parlamentares, que podem apontar a inclusão ou a supressão de capítulos no documento final. Entre eles, o que trata da diversidade e da orientação de gênero no currículo escolar – tema que tem suscitado polêmica entre a bancada que representa setores mais conservadores da sociedade. Essa questão deve movimentar o debate em plenário, que pode ser acompanhado pelo público.
Entidades da sociedade civil estão convidando todos a acompanhar a sessão da Câmara desta quinta (14) e ajudar a pressionar os vereadores a assegurar a abordagem destes temas nas escolas de Niterói. “Numa sociedade como a nossa, em que se vê o aumento da violência contra a mulher; dos casos de estupro; de violência contra meninos negros, contra a comunidade LGBTI [lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexo], mais do que nunca é importante discutir gênero”, diz a docente Nívea Barros, da Escola de Serviço Social da UFF, que participou de uma audiência sobre o tema na Câmara dos Vereadores. “Discutir a orientação de gênero é discutir repeito e tolerância; é uma questão de Direitos Humanos”, complementou a docente.
Governo aprova urgência para PLP 257, que ameaça serviços públicos
Projeto é parte de um conjunto de medidas que podem inviabilizar os serviços públicos e congelar salários de servidores federais, estaduais e municipais
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
Foto: Sessão do Plenário da Câmara no dia 12 de julho, que aprovou urgência para o PLP 257 - Luis Marcelo/Câmara
O governo interino de Michel Temer conseguiu aprovar a urgência na tramitação do projeto de lei complementar que renegocia as dívidas dos estados com a União e que pode congelar os salários dos servidores públicos (PLP 257/2016). O requerimento que permite que a proposta seja votada a qualquer momento no Plenário da Câmara dos Deputados, sem passar pelas comissões, foi aprovada por 335 votos a 118, na sessão realizada na noite da terça-feira (12).
O Planalto atua em três frentes no caso das dívidas dos estados com a administração central do país: por meio de uma negociação direta com os governadores, na tramitação do PLP 257 e ainda com a PEC 241/2016, a medida provisória que fixa um teto para despesas da União. Em todas elas, há previsão de congelamento de salários, bloqueio a concursos, riscos de demissão de servidores e pressupostos que tendem a levar ao definhamento dos serviços públicos.
O governo federal tem pressa em aprovar a matéria, mas não há previsão de quando ela será apreciada. O mais provável, é que isso fique para agosto, após o chamado recesso branco. Antes de votar a urgência, os parlamentares aprovaram um requerimento assinado por lideranças partidárias para que não sejam realizadas sessões no Plenário da Câmara no período de 18 a 29 de julho. Normalmente, o Congresso Nacional entra em recesso nesta data, mas isso só pode ocorrer em caráter oficial após a votação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, o que não aconteceu.
Reforma fiscal
O PLP 257 é um projeto apresentado em março, antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, que redefine a forma de pagamento das dívidas dos estados com a União, mas que também atinge diretamente os serviços públicos e os direitos dos servidores federais, estaduais e municipais. Isso ocorre de várias maneiras: com uma série de contrapartidas exigidas dos governadores para que obtenham o refresco temporário no pagamento das dívidas, com mudanças que endurecem contra os servidores a Lei de Responsabilidade Fiscal e com a fixação de procedimentos para obtenção da meta fiscal da União. Esses procedimentos são quase todos relacionados a corte de benefícios, congelamento de salários, suspensão de concursos públicos e até demissões.
A princípio, o texto que pode vir a ser apreciado pelo Plenário não é mais o original. É um substituto que saiu das mãos do relator Esperidião Amim (PP-SC), mas que traz poucas diferenças no que se refere aos aspectos centrais da proposta. Segundo a reportagem apurou, na terça-feira (12) circulava entre os parlamentares a informação de que Amim já teria outro texto em mãos, alternativo ao substituto, mas a informação não foi confirmada e o deputado não divulgou o possível novo substitutivo.
Sobre a urgência
O governo havia tentado sem sucesso aprovar o requerimento de urgência na semana anterior, mas não obteve os votos necessários. Faltaram quatro votos. A reportagem apurou que isso teria ocorrido por conta de disputas internas na base do governo. De acordo com um assessor parlamentar, a insatisfação do deputado que presidia a sessão com o governo, Fernando Lúcio Giacobo (PR-PR), teria sido decisivo para isso, porque ele encerrou a votação com rapidez incomum.
Há ainda outro aspecto que deve ser considerado: a rigor, o presidente da República pode requerer a urgência constitucional a qualquer tempo. Quando isso acontece, o projeto ganha regime de tramitação acelerada, direto em plenário, sem que requerimento neste sentido tenha que ser votado. O PLP 257 chegou assim ao legislativo, no dia 20 de março. Mas como, nesse caso, passa a trancar a pauta do plenário da casa em que estiver tramitando quando não é apreciado em até 45 dias, Temer retirou a urgência para votar outros projetos. A opção por aprovar a urgência com o voto parlamentar, aparentemente, tem o objetivo de sondar o terreno para tentar evitar eventuais derrotas no mérito da proposta.
De todo modo, o movimento dos servidores públicos contra a aprovação do PLP 257 é sem dúvida um fator que inviabiliza um acordão parlamentar imediato sobre a renegociação. Vários deputados se manifestaram contrários ao projeto por conta dos ataques ao funcionalismo. O desafio, na avaliação de muitos dirigentes sindicais, é conseguir envolver o funcionalismo público das três esferas de governo em uma mobilização coesa e unificada para barrar não apenas o PLP 257, como também a PEC 241 e as políticas que apontam o atrofiamento dos serviços públicos.
Homenagem a Diego marca início do ato da frente contra ‘mordaça’ nas escolas
Ódio que matou estudante negro e gay na UFRJ é o mesmo que alimenta projetos como ‘Escola Sem Partido’, afirmam manifestantes no lançamento da frente nacional
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
Foto: Início do ato no Ifcs - Zulmair Rocha
O ato de lançamento da Frente Nacional Contra a Escola Sem Partido começou, às 10h19min desta quarta-feira (13), com um minuto de silêncio em homenagem ao estudante morto no campus Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Queremos começar com um fato lamentável ocorrido nesta universidade há poucos dias, [quando] o estudante Diego Vieira Machado, negro, gay, nortista e pobre foi assassinado nas dependências do Fundão", disse o servidor Fabiano, da direção nacional do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica).
Pouco antes de solicitar um minuto de silêncio, o servidor disse que o que ocorrera na UFRJ – e que defendeu que seja investigado e os responsáveis punidos – é movido por um processo social marcado pelo mesmo ódio e preconceito presentes no projeto ‘Escola Sem Partido’. O estudante de Letras foi encontrado morto próximo ao alojamento estudantil do Fundão. Ele tinha 30 anos de idade.
O lançamento da Frente Nacional Contra o Escola Sem Partido reúne dezenas de entidades e lota o salão nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (Ifcs), no Largo de São Francisco de Paula. Quase 300 pessoas participam do ato e lotam o salão nobre, que ficou pequeno para abrigar o evento. A Aduff-SSind e o Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN) estão presentes.
O que é o Escola Sem Partido
O 'Escola Sem Partido', agora convertido em associação, é um movimento de perfil conservador que tenta coibir a atuação de professores em sala de aula. O teor do que defende serviu de base para projetos apresentados no Congresso Nacional, em pelo menos 12 assembleias legislativas e em número ainda não contabilizado de câmaras municipais, entre elas a do Rio de Janeiro.
Quase todos os projetos reproduzem o texto do programa ‘Escola Sem Partido’, idealizado pelo advogado Miguel Nagib. Os projetos dizem defender a "neutralidade do ensino", por meio da proibição da "doutrinação ideológica" nas escolas. Mas as entidades e educadores que o contestam alertam que por trás dessa neutralidade está a tentativa de cercear a atividade pedagógica e impor a mordaça ao ato de lecionar.
As entidades que lançam a frente divulgaram um manifesto no qual explicam algumas das razões do movimento. "Defender a escola sem partido é defender a escola com apenas um partido. Partido daqueles que são contra uma educação laica e contra o debate sobre gênero, fortalecendo assim a cultura do estupro e a LGBTTIfobia presente em nosso país. Defendemos a escola crítica sim, a educação libertadora, a pluralidade de ideias e a liberdade de expressão e pensamento. Historicamente, as classes dominantes do Brasil em seus sucessivos governos e em todas as esferas têm sucateado e precarizado a educação. Sequer a escola pública de qualidade em suas acepções fundamentalmente liberais é garantida à população, principalmente aos seus segmentos mais pauperizados", diz trecho do documento, assinado pela Adff-SSind.
Roda de conversa em Rio das Ostras discute assistência estudantil e critica mau uso de verba na UFF
Sem bandejão e com moradia que contempla apenas 60 alunos, estudantes do campus da UFF em Rio das Ostras reivindicam políticas efetivas de permanência na universidade. Esse foi o tom do debate realizado no “Dia de Mobilização e Luta pela Educação superior”, que acontece ao longo dessa quarta-feira (13), na unidade.
Durante a roda de conversa sobre o tema, que contou com a participação de representantes discentes de Niterói; da Moradia de Rio das Ostras; e do Núcleo Local de Assistência Estudantil, foi criticada a diminuição no valor das bolsas destinadas à alimentação dos alunos, que passou de R$250 para R$154. Os estudantes também reclamam do valor das refeições na cantina; alunas e alunos com filhos também não contam com creches no campus.
Contra as políticas insuficientes de permanência na UFF, os alunos organizam uma campanha por assistência estudantil de qualidade, principalmente nos campi fora de sede, que são frutos da política de expansão precarizada do Reuni. Os estudantes devem procurar os centros acadêmicos para participar dessa campanha, que, apesar da especificidade de cada campus da UFF, deve ser unificada. A construção do bandejão, maior oferta de bolsas de extensão e de pesquisa, abertura de mais vagas para a moradia, e inclusive uma máquina de xerox no campus são as principais reivindicações dos estudantes em Rio das Ostras.
“A assistência estudantil tem que ser construída pelos estudantes, o que é uma proposta do Plano Nacional de Assistência Estudantil - Pnaes, mas não é isso que acontece aqui no campus”, disse Danielle Pataco, estudante de Psicologia. Eles também criticaram a falta de autonomia da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) do campus de Rio das Ostras. De acordo com o estudante Daviu, representante do campus de Niterói, a UFF recebeu em 2015 cerca de R$29 milhões do Pnaes, mas apenas R$11 milhões foram destinados a Proaes, responsável pela assistência aos discentes. Eles defendem a destinação do valor integral a Proaes para melhorar a assistência estudantil na instituição e questionam: "cadê os R$18 milhões?".
Alguns alunos compartilharam o drama de estudar no campus de Rio das Ostras. Roseni Miranda, que mora em Araruama, gasta R$34 por dia para se deslocar até a universidade, mas não conseguiu vaga na moradia estudantil. Ela e o filho, de 22 anos, estudam na universidade. "Eu vou pleitear de novo, vocês vão ter que me engolir, e engolir minha família inteira. Minha filha fez o Enem; ela também está vindo pra cá", disse. "Isso que acontece com você é uma expulsão", comentou Daviu, após o relato de Roseni.
Outra estudante salientou a importância da abertura de vagas para a moradia estudantil, já que grande parte dos discentes não é do município. “A evasão se dá dessa forma, as pessoas chegam aqui querendo estudar, mas encontram uma cidade com especulação imobiliária enorme; o aluguel é um absurdo”.
Atividades variadas refletem sobre a universidade
A primeira atividade dessa quarta-feira (13) dedicada a discutir a universidade pública, foi o "Pão com mobilização", café coletivo organizado pelos três segmentos, no prédio onde funcionam os institutos de Humanidades e Saúde e de Ciência e Tecnologia. Ao som de reggae, os estudantes também produziram cartazes em defesa da universidade pública, denunciando os cortes de verba da educação e a expansão precarizada promovida pelo governo federal e pela reitoria da universidade.
No período da tarde, acontece o “Cine Debate”, que exibirá dois documentários: “Granito de Arena (Pequeno grão de Areia)”, de Jill Freidberg; e o “USP 7%”, índice que representa a quantidade de alunos negros na instituição paulistana.
Após, às 16h, acontece a mesa de discussões com o tema: “Os rumos da Educação Superior e a UFF”, que contará com a presença dos professores Cláudio Ribeiro (1º Vice-presidente da Regional RJ/ANDES-SN); Gustavo Gomes (Presidente da ADUFF); Ana Isabel Spínola (UFF/Rio das Ostras); e dos representante dos Técnicos -administrativos da UFF/Rio das Ostras e do Movimento Estudantil da UFF/Rio das Ostras.
Às 18h30, será realizada uma Plenária Unificada, contando com a representação de todos os departamentos da UFF/Rio das Ostras; do Movimento Estudantil e dos técnico-administrativos. As atividades do dia de mobilização serão encerradas com cortejo final, batuque e bolo.
Escola de Serviço Social questiona abordagem de conselheiro tutelar sobre crianças na UFF
Na terça (19) tem sessão do Cine Debate na Praça Cantareira
Cine-Debate desse mês acontece na terça-feira (19), a partir das 18h, na Praça da Cantareira, exibindo o documentário "Requiem for the American Dream", centrado em uma série de entrevistas com o filósofo e linguista Noam Chomsky. O filme apresenta um panorama histórico e político da desigualdade social, criticando a concentração de riqueza no mundo.
Visite a página do evento no Facebook:
Presidente da CNI defende medidas ‘duras’ e cita jornada de 80h semanais
Frente contra projeto que cerceia atividade docente será lançada nesta 4ª (13)
É preciso unir mais os que defendem a educação pública, avalia Pós-II ENE
No turno da manhã, encontro pós-II ENE critica PNE e sinaliza princípios em defesa da Educação Pública
Atividade acontece nessa quinta (7), no auditório da Faculdade de Educação da UFF;
à noite, tem mais uma sessão de debates, entre 18h e 20h
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff-SSind.
O II Encontro Nacional de Educação aconteceu durante uma conjuntura muito difícil para o país, quando a escola e a universidade públicas correm sério risco de desmonte, a partir de projetos de lei que privilegiam o modelo gerencial e visam o esvaziamento do funcionalismo público. A afirmação é de Marinalva Oliveira, professora da UFF e ex-presidente do Andes-SN, durante o primeiro turno da atividade pós-Ene, que Aduff-SSind promove na Faculdade de Educação da UFF, nessa quinta-feira (7).
Ela foi uma das palestrantes desse evento organizado pela seção sindical para debater os principais encaminhamentos do II Encontro Nacional de Educação, realizado entre 16 e 18 de junho, em Brasília.
Um segundo momento ocorre essa quinta-feira (7) a noite, entre 18h e 20h, no Auditório Florestan Fernandes, no bloco D (Campus do Gragoatá), tendo como palestrantes os docentes José Rodrigues e Fernando Penna – ambos da Faculdade de Educação da UFF e, novamente, Marinalva Oliveira.
II ENE e os princípios em defesa da educação pública
No turno da manhã, além da ex-presidente do Andes-SN, compuseram a mesa de discussões Roberto Simões, do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (regional 3), que é docente da rede municipal e da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro e pesquisador em Educação; e o estudante Luan Cândido, que integrou a caravana de professores e alunos da UFF para acompanhar o II ENE. Os trabalhos foram mediados por Gelta Xavier, da direção da Aduff-SSind.
Os palestrantes ressaltaram a importância do II Ene, que, teve por objetivo construir uma proposta de educação pública e gratuita, com orientação classista, para a sociedade brasileira. Ressaltaram a necessidade de unidade da luta entre sindicatos, movimentos sociais e populares para enfrentar o processo de sucateamento dos serviços públicos – o que vem sendo acelerado por meio da falta de investimentos no setor e, mais recentemente, pela política de ajuste fiscal em curso há quase dois anos, com corte de verbas milionário. Por isso, uma das bandeiras defendidas durante o II ENE é a maior aplicação de recursos públicos na Educação pública, apontando ainda a necessidade de uma auditoria da dívida.
Marinalva Oliveira lembra que, no II ENE, também foram sistematizados outros princípios que norteiam as ações unitárias em defesa da educação e do direito dos trabalhadores, englobando desde a primeira infância (creche) até a pós-graduação. Além de maiores investimentos no setor, com o mote de 10% do PIB para o financiamento público para a educação pública e gratuita, defendeu-se ainda lutar contra setores conservadores que querem impedir o debate sobre temas transversais no currículo educacional, que passam pelas questões de gênero, étnico-raciais, de sexualidade e de orientação sexual.
O II ENE apontou também a necessidade de um sistema de avaliação democrático e não punitivo; a luta por condições de trabalho – essenciais para uma educação classista e emancipatória; gestão autônoma e democrática nas creches, nas escolas e nas universidades. Houve duras críticas aos programas como Fies, Prouni e Pronatec, por desviarem recursos públicos para o setor privado e por não contemplarem, de fato, uma política de acesso e permanência ao ensino.
“Acesso e permanência, hoje, acontecem de forma privatizante e excludente; é via Prouni e Fies nas particulares – privatizando e passando recursos públicos para entidades privadas e excludentes. Acesso e permanência vão além do assistencialismo que está posto hoje”, disse Marinalva Oliveira. “Defendeu-se a extinção desses programas, sem retirar os direitos dos estudantes, anulando suas dívidas e absorvendo-os em instituição pública”, contou.
Críticas ao PNE: “É essencial saber quais interesses estão em jogo”, diz professor
Houve também duras críticas ao Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014, que, de acordo com Roberto Simões, pode ser considerado meritocrático e privatizante. “O PNE tem como objetivo central a transferência dos recursos do fundo público para o setor privado”, afirmou.
Ele destacou que as políticas educacionais têm sido formuladas e implementadas por setores da classe dominante, unicamente de forma a atender os interesses do capital. “No PNE, há uma nota de rodapé em que se fala claramente das empresas que são signatárias desse documento, entre elas a Fundação Airton Senna, a Microsoft, a Gerdal, a Fundação Bradesco, o Santander, o Instituto Natura, entre outros”.
De acordo com o docente, é necessário entender os desconfiar dos interesses que estão por atrás desse documento. “É essencial saber quais interesses estão em jogo; eles são empresarias. Vão atender o capital e não as pessoas. O capital não está preocupado com as pessoas, mas com o lucro e o mercado”, disse Roberto.
Ele criticou ainda a atuação das organizações não governamentais (ONG) ou das Organizações Sociais (OS) no setor público. “A educação vem sendo tratada como negócio, porque tem as estratégias para atingir as metas. E é aí que entram as Ongs... O empreendedorismo social que existe hoje é avassalador”, problematizou.
“Impossível ignorar a taxa de evasão na UFF”, diz estudante
Luan Cândido, estudante do curso de Economia, participou da mesa representando o movimento estudantil na UFF. Ele esteve no II Ene e saudou a iniciativa de aglutinar diferentes setores – estudantes e trabalhadores em Educação de diferentes realidades – para pensar um projeto para o setor.
Criticou o PNE, mas, concentrou sua exposição na questão da assistência estudantil, tecendo duras ao Plano Nacional de Assistência Estudantil, que, de acordo com ele, não contempla as demandas discentes. A UFF, de acordo com Luan, recebe cerca de R$30 milhões do Pnaes, dinheiro que insuficiente para dar conta da realidade multicampi da instituição. A UFRJ conta com R$ 45 milhões e investe o mesmo montante para dar conta desse tipo de assistência, que envolve, principalmente, moradia, bolsa, transporte, alimentação a partir de critérios socioeconômicos.
Citou alguns dados coletados por ele na página da UFF, problematizando uma notícia institucional que dizia que a taxa de evasão na universidade, em 2014, foi a segunda menor em todo o Estado do Rio de Janeiro, cerca de 15%. “Ao longo dos anos, a média de evasão de cursos tem sido de 20%. Isso representa que aproximadamente 10 mil alunos por ano deixam a Universidade”, revelou.
Para ele, é “impossível ignorar essa taxa”, principalmente porque o perfil dos alunos que abandonam os cursos é claro: mulheres, negros, integrantes da comunidade LGBTI - lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e as pessoas intersexuais. “As políticas de assistência estudantil têm que ser formulada junto com os estudantes, e isso não acontece”, disse. “Precisamos avançar nas formulações e na luta. Se não o fizermos e não dissermos para onde queremos caminhar, outras pessoas vão fazê-lo”, afirmou Luan, lembrando que a luta por assistência estudantil tem que ser respaldada por um projeto de educação pública, gratuita e de qualidade.
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Ataque do reitor ao Sintuff ‘é contra todos nós e a democracia’, diz Aduff
Aduff-SSind prestou apoio aos técnicos-administrativos e destacou que ataque de Sidney atinge a comunidade acadêmica
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff-SSind
O ataque do reitor da UFF, Sidney Mello, ao Sintuff, o sindicato dos técnicos-administrativos, é também uma investida contra os docentes, estudantes e a liberdade de expressão na universidade. A afirmação é do professor Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind – a seção do Sindicato Nacional da categoria (Andes-SN) na Universidade Federal Fluminense, que participou de ato na tarde dessa terça-feira (5), nos jardins da Reitoria, em Icaraí. A manifestação, convocada e organizada pelo Sintuff, criticava o fato de a entidade sindical ter sido desalojada no sábado (2), numa operação em que a Reitoria acionou a Polícia Federal e a Polícia Militar, esta última se posicionando durante certo período à porta da instituição no campus do Valonguinho (Centro).
Em meio à manifestação transcorrida no dia 5, Gustavo falou em nome do sindicato dos docentes e declarou apoio à campanha pelo retorno do Sintuff a sua antiga sede. “Aos colegas do Sintuff que foram despejados, que tiveram seus materiais, seus arquivos postos para fora de uma sede na qual estão lá há anos, [trazemos] aqui o nosso apoio. O ataque à sede do Sintuff não é apenas o ataque à sede do Sintuff, é um ataque a todos nós. É o ataque à liberdade de expressão, à liberdade de crítica, de apresentar proposições, de questionar o que a administração está fazendo de errado”, disse. A diretoria da Aduff-SSind esteve representada no ato pelos docentes Juarez Torres Duyaer, Douglas Ribeiro Barbosa, Renata Torres Schittino e Elza Dely Veloso Macedo - esta última também pela Regional RJ do Andes-SN.
O ato público começou na Reitoria e depois se deslocou para o Colégio São Vicente, na rua Miguel de Frias, onde o reitor participava de uma reunião com diretores de unidades e com o Grupo de Trabalho criado para tratar da estatuinte. A reunião ocorria na área alugada pela UFF para abrigar a Fundação Euclides da Cunha (FEC), a cerca de 200 metros da sede da administração central da UFF. Sidney, no entanto, se retirou do local antes que os manifestantes chegassem. Pouco depois, policiais militares entraram na escola e se dirigiram ao local onde estavam técnicos, estudantes e docentes.
O dirigente da Aduff-SSind também criticou a decisão do reitor de se retirar para não ouvir técnicos, docentes e estudantes. “Fomos lá pacificamente, para dialogar, e o reitor abandona a reunião e chama a polícia”, disse. “É irônico isso acontecer justamente na FEC, uma entidade privada dentro da UFF”, observou, ao criticar a alegação da administração central para despejar o Sintuff: o fato de o sindicato ser uma organização de direito privado. O docente citou ainda como parte dessa contradição a entrega do Hospital Universitário Antonio Pedro à Ebserh, empresa de direito privado que assumiu a gestão da unidade.
A professora Elza Dely Macedo, como dirigente da Regional do Andes-SN no Rio de Janeiro, levou o apoio do Sindicato Nacional dos Docentes e relatou que a notícia do despejo chegou às representações sindicais da categoria que se reuniam em Boa Vista (RR), no 61ª Conad – o Conselho do Andes-SN – e causou repúdio e revolta. “[Aprovamos] uma moção bastante contundente contra esse reitor que, primeira vez, tem a audácia de desalojar uma entidade sindical”, disse a docente.
O técnico-administrativo Pedro Rosa, coordenador do Sintuff, cobrou a investigação das denúncias de irregularidades nas obras contra a administração central da universidade e afirmou que o Sintuff não desistirá do Valonguinho. “A campanha pelo retorno à sede está começando agora”, falou. Ele revelou ainda que, como parte da política de retaliação ao sindicato, o carro da entidade está sendo impedido de entrar naquele campus da UFF, o que cerceia a atuação sindical na universidade. “Somos perseguidos porque somos combativos, porque defendemos nossa categoria; mas não vamos nos intimidar”, concluiu.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira e Hélcio Lourenço Filho
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Rio terá dia de protestos nesta quarta-feira (6)
Reitor abandona reunião e polícia é chamada em protesto na UFF
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"Despejo do Sintuff é questão política”, afirma dirigente sindical
Por Aline Pereira