Noticias 2016
Crise da saúde foi debatida no Huap em evento organizado pelo Sintuff
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff-SSind
“Ebserh: a crise da saúde e a precarização das condições de trabalho” foi o tema do debate promovido pelo Sintuff na tarde dessa quinta (25), na Faculdade de Medicina da UFF – Huap.
Os palestrantes foram Keila Camelo, Coordenadora Geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará – Sintufce; Wilson Prudente, Procurador Federal; e de Wladimir Tadeu B. Soares, que é advogado, médico do SUS, professor do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da UFF e ex-dirigente da Aduff-SSind.
A professora Elza Dely Macedo esteve presente, representando a direção do Andes-RJ e da seção sindical dos professores da UFF.
Veja mais sobre o debate na próxima edição do Jornal da Aduff, que circula na última semana de agosto.
Lançamento da 'Frente Escola Sem Mordaça' na UFF é na segunda (5)
Lançamento da 'Frente Escola Sem Mordaça' na UFF é na segunda (5), com atividades ao longo do dia; debate com presença do Professor Fernando Penna acontece às 18h, na Faculdade de Economia da UFF
"Sejamos todos contra o movimento e o projeto Escola Sem Partido". É o que defende o professor da UFF Fernando Penna, sobre os projetos que ameaçam a liberdade de expressão e o pensamento crítico nas escolas e universidades brasileiras. Penna é um dos fundadores do movimento ‘Professores Contra o Escola Sem Partido’ e apoia a ‘Frente Nacional Escola Sem Mordaça’, que será lançada também em Niterói no dia 5 de setembro, às 18h, no auditório da Faculdade de Economia da UFF, no Gragoatá. Ele será um dos debatedores do evento, que terá ainda, no mesmo dia, atividade no Bandejão, das 10h às 14h, e sarau na Praça da Cantareira, das 15h às 17h. Organizam a atividade a Aduff-SSind e o coletivo 'Desobedeça'.
Dia 5 de setembro, segunda-feira
Atividades do dia promovidas pela Aduff-SSind e o coletivo 'Desobedeça':
10h às 14h - Atividade no Bandejão: Panfletagem; exibição de vídeos; divulgação do manifesto do coletivo 'Desobedeça'; Oficina de cartazes; intervenções.
15h às 17h - Piquenique cultural na praça da Cantareira
Sarau de música e poesia; vídeos; intervenções.
18h - Ato de lançamento na Faculdade de Economia, no Gragoatá, em Niterói: Mesa com Fernando Penna (professor da UFF e do movimento ‘Professores Contra o Escola Sem Partido’), Sérgio Aboud (professor da UFF) e Barbara Lisboa (professora e integrante do coletivo 'Desobedeça')
Local: Auditório da Faculdade de Economia da UFF/ Bloco F - Campus do Gragoatá
Sede da Aduff-SSind não funcionará na segunda (22)
Carta de docentes diz que política de cortes do governo pode fechar Uenf
Seção Sindical do Andes-SN divulga carta no aniversário de 23 anos da Universidade Estadual do Norte Fluminense; Aduff-SSind apóia luta da comunidade universitária
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
A existência da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro está ameaçada, como afirmam os dirigentes da Seção Sindical dos Docentes da instituição em “Carta Aberta a População”, publicada no dia 16 de agosto. O documento, divulgado no mesmo dia em que a Uenf completava 23 anos de fundação, expõe a situação calamitosa da universidade, que acumula divida de aproximadamente R$20 milhões, afetando a prestação de serviços essenciais para garantir o funcionamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão, como limpeza, segurança – ambos terceirizados; de energia elétrica e de água.
De acordo com a Aduenf, o governador do RJ tem alegado que o não repasse de recursos suficientes à instituição está relacionada à crise financeira estadual, consequência da diminuição dos royalties do petróleo. No entanto, a carta publicizada pela direção do sindicato de docentes da Uenf afirma que a crise universitária é fruto de uma política que não prioriza a Educação pública, gratuita e de qualidade. “Apenas entre 2008 e 2013, as administrações lideradas por Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão concederam R$138 bilhões de isenções fiscais para a iniciativa privada, sob o argumento de criar emprego no Rio de Janeiro. Mas quais os empregos criados, se entre os beneficiados por essa política de isenções estão negócios com baixas demandas e ofertas de trabalho, como joalherias, montadoras de carros de luxo, ou ainda suspeitíssimos negócios ligados a conhecidos políticos, como cervejarias?”, questiona o documento da Aduenf.
Veja a íntegra da “Carta Aberta a População” no link: http://aduenf.blogspot.com.br/2016/08/aduenf-lanca-carta-populacao-no-dia-do.html
Repercussão
A “Carta Aberta a População” foi mencionada em matéria do jornal ‘O Globo’, no dia 17 de agosto. Em sua resposta à reportagem do impresso, a Secretaria de Fazenda informou que já teria repassado 30% do orçamento da Uenf nos primeiros seis meses do ano, omitindo que “praticamente a totalidade desse repasse se deu para o pagamento de salários de professores e servidores e de bolsas acadêmicas”, como afirma o docente Marcos Pedolowski, lembrando que já deveriam ter sido repassados 50% para a instituição.
Na Uenf desde 1998, Marcos conversou com a reportagem da Aduff, recentemente. Em reportagem publicada na edição da segunda quinzena de junho, ele afirmou que a universidade está em ‘coma induzido’ e que as atividades estão sendo mantidas em nível do essencial para que não sejam perdidas duas décadas de pesquisas acumuladas.
Ato nesta terça (16) no Rio defenderá direitos trabalhistas e previdenciários
Manifestações vão rejeitar tentativa do governo interino de cortar direitos sociais e serviços públicos; concentração será na Presidente Vargas 328
DA REDAÇÃO DA ADUFF
A poucos dias do fim da Olimpíada Rio 2016, manifestações em várias cidades país prometem denunciar que, para além da festa esportiva, o país vive um cenário político e econômico no qual os trabalhadores correm sério risco de perder direitos sociais conquistadas há mais de sete décadas. Os protestos estão previstos para acontecer na terça-feira (16). No Rio, a concentração para o ato será na Transpetro, que fica na av. Presidente Vargas 328. A intenção dos manifestantes é dar um abraço simbólico ao prédio da empresa que pertence à Petrobras e está ameaçada de privatização.
Os trabalhadores brasileiros correm o risco de, em poucos meses, perder a maioria dos direitos trabalhistas previstos na CLT e ver a aposentadoria ficar anos ou até décadas mais distante. Há ainda projetos que integram uma tentativa de restringir o acesso da população à saúde e à educação, caso da PEC 241 e do PLP 257. É o que denunciam as centrais sindicais e entidades dos movimentos sociais que estão convocando as manifestações desta terça (16).
A reforma da Previdência já anunciada pelo governo prevê a instituição de idade mínima no setor privado para a aposentadoria por tempo de contribuição e o aumento desta exigência para quem se aposenta por idade e para servidores públicos. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou recentemente que o governo tentará aprovar como idade mínima os 65 anos, com mecanismo que permita aumentá-la para até 70 anos sem necessidade de emenda constitucional.
A Aduff-SSind, seção sindical do Andes-SN na Universidade Federal Fluminense, participará do protesto e convida todos os docentes a fortalecer a luta pela preservação de direitos. Haverá atos em outras cidades e em todas as regiões do país. A mobilização é convocada pela CSP-Conlutas, Intersindical, CUT e CTB, entre outras entidades sindicais.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
No Boulevard Olímpico, ato defende educação pública e 'Fora Temer'
De madrugada e isolada de servidores, Câmara aprova PLP 257
Dia Nacional em Defesa da Educação Pública terá ato no Rio nesta quinta (11)
Seguindo deliberação do II Encontro Nacional de Educação (ENE), realizado em junho em Brasília (DF), o movimento em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade realiza atos em todo o país nesta quinta, 11 de agosto – Dia do Estudante e Dia Nacional em Defesa da Educação Pública. No Rio, a manifestação está marcada para as 17h , na Praça Mauá – Zona Portuária do Rio.
Por uma Escola sem Mordaça; contra os projetos do governo Temer que atacam a educação pública e retiram direitos; contra a redução de verbas da educação e a privatização do ensino.
Abaixo o PLP 257 e a PEC 241
O ato também faz parte das mobilizações contra o Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/2016 e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/16, que têm como objetivo congelar uma série de direitos dos servidores públicos e retirar investimentos de áreas sociais, como educação e saúde. O PLP 257, enviado ao Congresso pelo Governo Dilma, foi aprovado com alterações na madrugada desta quarta (10) na Câmara dos Deputados. O projeto de lei complementar, que poderá significar cortes significativos na educação nos estados, segue para o Senado. Saiba mais em: http://aduff.org.br/_novosite/noticias/?noticia_ano=2016¬icia_id=6829
A PEC 241 que limita gastos públicos por 20 anos também foi aprovada na noite de terça na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados (CCJ). Apresentada pelo ministro da Fazenda do governo interino de Michel Temer, Henrique Meirelles, a PEC foi anunciada logo após o afastamento de Dilma Rousseff. Após a aprovação na CCJ, uma comissão especial será instalada para dar prosseguimento à tramitação da proposta.
Governo altera PLP 257 para forçar votação; servidores mantêm pressão
Servidores em frente a uma das entradas da Câmara: acesso restrito por determinação do presidente da casa legislativa - Andes-SN
Governo interino articula ofensiva e aumenta repressão para votar projeto que ameaça serviço público; também tenta aprovar PEC 241 na CCJ e privatizar pré-sal
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Sem controle sobre toda a sua base parlamentar e sob pressão da mobilização dos servidores, o governo mudou o projeto que redefine prazos para pagamento das dívidas dos estados com a União para tentar aprová-lo na Câmara nesta terça-feira (9). As entidades sindicais dos servidores públicos avaliam, porém, que as mudanças mantêm a política de responsabilizar o funcionalismo pelos problemas fiscais do setor público.
A atuação sobre os parlamentares continua nesta terça-feira, que promete ser longa no Congresso Nacional. Representantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) participam das atividades, ao lado de diversas outras categorias.
Reunião de líderes
Na reunião do Colégio de Líderes da Câmara, ocorrida na segunda (8), ficou decidido pela maioria que a discussão sobre o projeto se encerraria naquela noite, que emendas ao substitutivo poderiam ser apresentadas até as 10 horas da manhã desta terça (9) e que o texto base seria levado a voto na sessão do Plenário à tarde. Na quarta-feira, pela manhã, seriam apreciados os destaques.
Não existe ainda por parte das representações sindicais dos servidores uma avaliação detalhada das alterações no novo texto para o Projeto de Lei Complementar 257, apresentadas na noite de segunda-feira (8) pelo relator Esperidião Amim (PSC-SC). E há uma grande quantidade de emendas que, no plenário, podem alterar o teor do texto.
O relator afirma que tudo o que se refere à Lei de Responsabilidade Fiscal foi retirado da proposta. Mas há controvérsia sobre a manutenção ou não da inclusão dos recursos usados no pagamento de aposentados e terceirizados como despesa com pessoal. Não há dúvidas de que com relação aos servidores estaduais o congelamento salarial por dois anos permanece.
Repressão
Observa-se evidente dificuldade para o questionado governo interino de Michel Temer (PMDB) aprovar o projeto na íntegra. Isso se reflete nas articulações das lideranças governistas e na repressão aos movimentos sindicais e sociais que se encontram em Brasília. Aumentam as restrições para entrada de servidores na Câmara. Petroleiros, que tentam acompanhar a possível votação da lei do pré-sal, também estão sendo impedidos de acessar as dependências da Câmara. Um petroleiro teria sido detido.
Por outro lado, Planalto é obrigado a negociar entre as lideranças de sua própria base para tentar criar as condições que o permitam levar o PLP 257 a voto. Tudo isso seria também reflexo das divisões entre os partidos aliados, em especial no chamado ‘Centrão’.
De todo modo, a terça-feira (9) está sendo dedicada a uma série intensiva de ataques aos trabalhadores e suas entidades sindicais. Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) tenta aprovar o projeto que libera até 100% da exploração do petróleo da camada do pré-sal a multinacionais. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o governo busca aprovar a PEC 241, proposta de emenda constitucional que engessa os serviços públicos por 20 anos e retira recursos de áreas como saúde e educação.
Substitutivo
A nova proposta de texto para o PLP 257 – das várias que já foram apresentadas – difere da enviada ao Legislativo pela presidente Dilma Rousseff (PT), hoje afastada, em março deste ano. Mas segue sendo, na visão dos servidores, um atentado aos serviços públicos.
Ao que parece, o governo planeja trocar boa parte dos itens que atingiam diretamente direitos do funcionalismo federal, estadual e municipal pela definição de que as despesas primárias autorizadas no orçamento não podem exceder a previsão do ano anterior, acrescida da correção inflacionária de acordo com o IPCA. É, em essência, o que está escrito na PEC 241, a proposta de emenda constitucional que é encarada pelos sindicatos como um golpe quase fatal nos serviços públicos.
O projeto de lei complementar não tem força para mudar a Constituição e interferir nos recursos constitucionalmente obrigatórios a serem aplicados nas políticas sociais. Esse é o papel reservado pelo Planalto para a PEC 241. Mas corrobora com essa visão e parece estar sendo convertido pelo governo interino em um instrumento para abrir caminho para isso. Em outras palavras: caso o governo consiga aprová-lo nestes moldes, tende a ficar mais difícil evitar que algo similar seja imposto também ao orçamento federal, por meio da emenda constitucional.
É para impedir que isso aconteça que servidores de variados segmentos do funcionalismo mantêm o trabalho de convencimento e pressão em Brasília – e seguem convocando o conjunto das categorias a ajudar nesta luta, enviando mensagens aos deputados ou participando diretamente das atividades.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
Em ato em Copacabana, cariocas denunciam: “O legado que vai ficar é uma cidade com menos direitos”
Na sexta (05), dia da abertura oficial dos Jogos Olímpicos Rio-2016, cerca de 8mil manifestantes reuniram-se na Av. Atlântica e impediram a passagem da tocha olímpica pela orla
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Convocado pela Frente Povo Sem Medo, pela Frente Brasil Popular, pela Frente de Esquerda Socialista, pela Plenária dos Trabalhadores em Luta-RJ e pela CSP-Conlutas, o ato "Fora Temer! Nenhum direito a menos! Contra a calamidade olímpica!” teve início na manhã da sexta (05), em frente ao Copacabana Palace, e terminou na altura do Posto 6, por volta das 15h30. A mobilização popular impediu a passagem da tocha olímpica pelo local.
Às 16h do mesmo dia, ato convocado pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, com o mote “Rio 2016 – Os Jogos da Exclusão” se concentrou na Praça Saens Penã, na Tijuca (nos arredores do Maracanã, onde aconteceria a cerimônia de abertura). Duramente reprimida pela Força Nacional, a manifestação – que contou com a participação de cerca de 2mil pessoas - ainda seguiu pelas ruas Haddock Lobo e Campos Sales, até a Praça Afonso Pena, mas foi dispersada, à força, por volta das 18h.
Os atos de rua no dia da abertura oficial das Olimpíadas mostraram que os jogos serão momento de denúncia dos processos de violações de direitos em nome dos megaeventos, de resistência aos ataques aos direitos sociais e à privatização da cidade e de protesto ao governo interino de Michel Temer (PMDB).
“Este ato pretende denunciar não só para o Brasil, mas para o mundo todo que está com os olhos na cidade do Rio de Janeiro que em nosso país há um governo ilegítimo, um presidente que não recebeu voto de ninguém. E mais do que isso, que quer aplicar um programa de retrocessos que também não representa o povo brasileiro. Há um golpe institucional acontecendo no Brasil e nós temos que quebrar a barreira da mídia brasileira que não diz coisa alguma a esse respeito”, ressaltou o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulous, representando a Frente Povo Sem Medo no ato pela manhã, em Copacabana.
Boulous também criticou o legado de exclusão dos Jogos Olímpicos, no país. “O que os trabalhadores e as trabalhadoras do Rio de Janeiro estão recebendo com esses jogos se chama despejo, se chama remoção, se chama militarização da cidade e se chama também aplicação dos recursos públicos em questões que não são prioritárias para o povo da cidade”, disse.
Um exemplo emblemático da calamidade olímpica no Rio é a UERJ. A poucos metros do estádio do Maracanã, onde aconteceu a abertura oficial das Olimpíadas, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro está fechada e sucateada pela falta de investimento público. Denúncias de violações de direitos humanos também vêm sendo feitas pelos movimentos sociais desde os Jogos Pan-Americanos de 2007. De acordo com dados do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, mais de 70 mil pessoas foram removidas de suas casas devido à organização do megaevento. Ao contrário do que diz o governo, os megaeventos esportivos não significaram melhorias para a cidade e para a população.
“Continuaremos nas ruas contra as remoções, contra a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza, contra o estado de calamidade pública perpetrado a partir das dívidas contraídas para fazer essas obras que estão caindo antes das Olimpíadas começarem. O legado que vai ficar é uma cidade com menos direitos, é uma cidade mais endividada, que despeja e mata pobre todo dia. A resposta que a gente pode dar é lutar, lutar e lutar”, ressaltou a integrante do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas,
Por Lara Abib
Foto: Zulmair Rocha
Pressão contra PLP 257 recomeça nos aeroportos nesta segunda (8)
'Festa olímpica' esconde ataque a direitos históricos, afirmam manifestantes em Copa
Nota de Repúdio da Diretoria da ADUFF ao artigo da revista 'Veja'
No último dia 27/07, a revista VEJA publicou artigo assinado por Claudio de Moura Castro, atual presidente do Conselho Consultivo da rede Pitágoras de ensino privado, com o retórico título “Professor ganha mal?”, em que é destilada toda sorte de ataques à classe docente, em especial do ensino público, e, por extensão, ao direito de o povo brasileiro ter acesso à educação pública, gratuita e de qualidade.
No texto, há um ataque direto à aposentadoria especial, às férias de 45 dias, à licença-prêmio – licença esta a que os professores das IFES desde o governo FHC já não têm mais direito, dentre outros.
O texto constitucional de 1988, a chamada Constituição Cidadã, garantiu estes direitos aos professores e às professoras por pressão da sociedade organizada e pelo reconhecimento da importância do papel do professor na formação de uma sociedade realmente democrática. Não se trata de nenhuma regalia! No mesmo sentido, há o período de férias, que é de 30 dias, como para qualquer outro trabalhador, acrescidos de 15 dias, entre os semestres, como forma de recesso escolar, importante do ponto de vista pedagógico, inclusive.
A fala de Claudio Castro vem como apoio ao movimento do governo interino-ilegítimo de retirar direitos da classe trabalhadora, por meio da PLP 257/2016; reduzir os deveres constitucionais do Estado na prestação dos serviços públicos via PEC 241/2016, além de privatizar os serviços, como pretende a Medida Provisória 727/2016, de 12/05/16, data em que Temer assumiu internamente a presidência da República.
Repudiamos o texto de Claudio de Moura castro por entendermos que seu texto forma opiniões equivocadas e distorcidas sobre a realidade das milhões de salas de aula e de professores e professoras, profissionais de suma importância para construirmos um Brasil mais justo, consciente, e igualitário.
Diretoria ADUFF-SSind: Democracia e Luta (2016-2018)
Moção de Apoio – Greve da UECE 2016
Ato convoca ida às ruas na abertura da Olimpíada: 'nenhum direito a menos'
Diretoria da Aduff leva demandas ao reitor, que se compromete a colaborar e atender aposentados e EBTT
Reunião com reitor tratou de temas relacionados à ação judicial do FGTS e progressão; Sidney restabelecerá diálogo sobre pauta interna com seção sindical
DA REITORIA DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Zulmair Rocha
A diretoria da Aduff-SSind e da Associação dos Professores Inativos da Universidade Federal Fluminense – Aspi-UFF estiveram reunidas com o reitor da UFF, Sidney Mello, na presença do assessor jurídico da seção sindical, Carlos Boechat, para tratar de assuntos de interesse docente, como ação já vitoriosa movida pela Aduff; a progressão na carreira; e demandas relacionadas à pauta interna da categoria, na manhã dessa terça (2).
A diretoria da seção sindical solicitou que a administração central da UFF viabilize a documentação necessária para contatar os docentes celetistas – contratados pela universidade antes de 21 de setembro de 1971, em Regime de Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, com o respectivo número do Programa de Integração Social – PIS. O objetivo é alertar esse grupo de professores sobre ação judicial movida contra a Caixa Econômica Federal, relativa à correção dos valores do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
“A Aduff já obteve ganho de causa nessa ação, mas há dificuldade na execução porque tem que se localizar os professores que têm direito à correção de um percentual do FGTS que não foi aplicado na década de 1970”, disse Gustavo Gomes, presidente da seção sindical sobre o pedido à administração central, que também foi feito por meio de ofício protocolado e endereçado ao pró-reitor de Pessoal, Tulio Franco, e à diretora do Departamento de Pessoal da UFF, Jovina de Barros Bruno.
De acordo com o advogado, Carlos Boechat, a ação não é contra a UFF; é contra a Caixa Econômica Federal e diz respeito aos juros progressivos do FGTS, um direito que os trabalhadores tinham até 1971 – uma faixa hoje basicamente de aposentados. Ele explica que, assim que esses dados forem fornecidos pela UFF, a Aduff-SSind contatará os docentes beneficiados, informando os procedimentos a serem adotados. Nesse momento, não há necessidade de comparecer a seção sindical para tratar especificamente desta questão.
Segundo o reitor Sidney Mello, a universidade vai trabalhar junto com a seção sindical para identificar quem são os docentes contemplados pelos termos da ação. “Essa é uma tarefa que vamos encaminhar ao nosso setor de pessoal”, disse. “Faremos o que for possível para beneficiar o pessoal da casa”, complementou.
Progressão na carreira
Os dirigentes sindicais também alertaram para a demora no cumprimento das progressões dos docentes pertencentes à Carreira do Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) – a maioria do Colégio Técnico da UFF (Coluni), que fazem jus ao enquadramento por meio do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), atrasados desde março de 2013; e ainda dos professores que ascenderam na carreira como titulares. “Temos a informação que o setor que faz o cálculo para incluir os atrasados está sobrecarregado”, alertou o assessor jurídico da Aduff, Carlos Boechat. O reitor disse que será feita força-tarefa para garantir celeridade a essa questão.
Pauta interna
Os professores Gustavo Gomes e Gelta Xavier cobraram o restabelecimento do diálogo e da negociação em torno da extensa pauta interna dos docentes da UFF com a reitoria.
O reitor se comprometeu em novamente reiniciar as negociações com a ADUFF, mas responsabilizou a falta de verbas por parte dos problemas vivenciados pela universidade. “Nosso gargalo histórico é a forma como colocam recursos na Educação e na Saúde”, falou Sidney ao salientar sua condição de gestor, alegando que não estabelecerá diálogo se não houver “ambiência amistosa”.
Participaram
Pela direção da Aduff-Ssind estiveram os docentes Gustavo Gomes, presidente; Gelta Xavier, 1ª vice-presidente; Juarez Duayer, 2º vice-presidente; e Elza Dely Macedo; da diretora acadêmica da Aduff-Ssind e 2ª Secretária da Regional Rio de Janeiro do Andes-SN. Pela administração central da UFF, participaram o reitor Sidney Mello; o vice-reitor Antônio Cláudio da Nóbrega; e o chefe de gabinete, Alberto Di Sabbato. Os docentes Aidyl de Carvalho Preis, Acyr de Paula Lobo e Jurésia de Souza representaram a Associação dos Professores Inativos da Universidade Federal Fluminense – Aspi-UFF.
Em Niterói, tocha 'foge' de protestos que jogaram ‘água’ na festa
Manifestações recebem símbolo da Olimpíada para expor realidade do país em meio ao 'ajuste fiscal' que penaliza trabalhadores e ameaça direitos
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Não vai ter tocha, gritou um manifestante enquanto aguardava a passagem do símbolo olímpico em frente à praça Arariboia. Pois quase não teve, de fato, nem ali nem em todo o Centro de Niterói. Tanto na chegada quanto no retorno, a tocha 'fugiu' dos protestos e passou escondida e apagada dentro de um ônibus em parte considerável do percurso. Nada disso, porém, sequer foi citado nos noticiários da Rede Globo, os de maior audiência na TV brasileira. A Aduff-SSind participou do ato público ao final da tarde da terça-feira (2).
A festa que o Comitê Olímpico e a Prefeitura programaram – e que não agradou a muita gente insatisfeita com a situação do país, do estado e da própria cidade – só aconteceu para valer quando ela percorreu a zona sul de Niterói (Ingá, Icaraí e São Francisco) e no Teatro Popular, onde chegou para pernoitar – protegida dos protestos que a perseguiam desde Itaboraí, a 33 quilômetros de Niterói, e persistiram em Alcântara e no centro de São Gonçalo.
Na entrada da tocha na cidade, os organizadores cancelaram a cerimônia que ocorreria aos pés da estátua do índio Arariboia e cruzaram o Centro dentro de um comboio de veículos. No retorno pela av. Amaral Peixoto, a principal daquela parte da cidade, manifestantes estragaram a festa, para a qual o prefeito Rodrigo Neves tivera o cuidado de mandar passar uma maquiagem na pintura das ruas que integravam o trajeto do cortejo. A polícia lançou bombas de efeito moral contra manifestantes – a reportagem ouviu pelo menos quatro explosões. Não houve uso de bombas de gás lacrimogênio.
A tocha percorreu toda a avenida, já por volta das 19h30, sob tensão e em meio a uma mistura de populares que foram recebê-la e manifestantes, ambos em menor número do que os que a esperavam em vão mais cedo na praça Arariboia. Parte do percurso se deu com ela apagada e dentro de um ônibus – as tochas, ao todo foram fabricadas 12 mil para a Rio 2016, são acesas por meio de uma lamparina que teoricamente traz o fogo da chama acesa em Olímpia, na Grécia, no dia 21 de abril.
A tocha apagou?
Na altura da Praça da República, em frente à Câmara de Vereadores, onde a banda Sinfônica Ambulante, contratada para o evento, tocava a plenos pulmões, ensaiou-se acender a tocha e seguir carregando-a até o fim do percurso. Houve tumulto. Alguns manifestantes avançaram contra ela. Sobre o que ocorreu a seguir, pairam algumas versões. Uma delas, diz que a tocha foi apagada. Outra, que um rapaz a pegou e saiu correndo com ela. O que não há dúvida é que a confusão foi grande. E o roteiro da festa foi outra vez abortado.
A parada prevista para ocorrer na agência do Bradesco, na reta final da Amaral Peixoto, foi cancelada. Ali, algumas dezenas de jovens contratados pela instituição financeira para animar a festa aguardaram em vão a prometida paradinha de 15 minutos, na qual o 'fogo olímpico' prestaria homenagens ao segundo maior banco privado do país, um dos patrocinadores dos Jogos, que em 2015, enquanto o país já afundava na crise, lucrou R$ 17,18 bilhões, 13,9% a mais do que no ano anterior. "Eles decidiram cancelar devido a confusão", disse um funcionário do Bradesco à reportagem.
Prisões
Bem antes disso, ainda com o céu claro, pelo menos três pessoas já haviam sido detidas pela polícia na Praça Arariboia, entre elas uma professora. Gás de pimenta também fora lançado contra os manifestantes, que se concentravam nas proximidades do índio, enquanto do outro lado, na divisória íngreme da av. Rio Branco, uma fileira de populares se equilibrava. Todos aguardavam a passagem da tocha. Entre os dois grupos, embora mais próximo do primeiro, posicionavam-se lado a lado soldados do batalhão de choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro – profissionais com os salários devidamente em dia, ao contrário da maioria do funcionalismo estadual, medida providencial para assegurar a repressão aos que não gostaram da festa.
O problema é que salários em dia não são a realidade de muita gente que vive nos caminhos pelos quais a tocha acabara de passar. Em Itaboraí, o fogo olímpico se deparou com desempregados do Comperj, o inconcluso e paralisado pólo petroquímico da Petrobras. Em Alcântara e São Gonçalo, mais desempregados, servidores e terceirizados dos serviços públicos com salários atrasados. Em Niterói, somaram-se manifestantes insatisfeitos com as medidas que o governo interino de Michel Temer tenta aprovar em Brasília. Propostas que colocam em risco o futuro dos serviços públicos, das políticas sociais, do direito à aposentadoria, das leis de proteção ao trabalho, e dos salários e empregos do funcionalismo nas três esferas.
Não é pouca coisa. E a insatisfação fica ainda mais compreensível quando se sabe que é difícil encontrar um brasileiro adulto que não tenha dúvidas de que as obras que prepararam a Olímpiada foram tocadas a base de propina, que alimentou contratos fraudulentos e o bolso de muitas autoridades.
A festa e Brasília
A trajetória de rua da tocha em Niterói, que começara torta, terminou de forma desastrosa. Correria, sirenes ligadas do enorme aparato policial que escoltava o objeto, algumas bombas lançadas pela polícia. Desastrosa, mas talvez mais condizente com o Brasil em que não param de pipocar denúncias de corrupção nas obras da Copa do Mundo e da Olímpiada. Em que o desemprego cresce de vento em popa, e serviços públicos gratuitos de áreas como a saúde e a educação podem entrar em colapso caso projetos que mudam as regras fiscais sejam aprovados.
Entre essas propostas, estão o PLP 257 e a PEC 241, que o Planalto tentava votar na Câmara dos Deputados, sob o protesto de servidores, no mesmo momento em que a tocha percorria as ruas de Niterói, mas que, ao menos por enquanto, não conseguiu. Em dia de manifestações ainda tímidas, mas, assim como o fogo olímpico, simbólicas e que incomodam, nem a tocha passeou à vontade pelas ruas de Niterói, nem os projetos foram votados como queria o governo.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
Foto: Zulmair Rocha
Ato na sexta (05) denuncia calamidade olímpica e retrocessos no país
Manifestação acontece em Copacabana, no dia em que será realizada a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro. A concentração será às 11h, em frente ao Copacabana Palace. De lá, o ato segue em direção ao Posto 6, com término previsto para às 16h.
Assinam a convocatória do ato - que tem como mote "FORA TEMER! NENHUM DIREITO A MENOS! CONTRA A CALAMIDADE OLÍMPICA!” - a Frente Povo Sem Medo, a Frente Brasil Popular, a Frente de Esquerda Socialista, a Plenária dos Trabalhadores em Luta-RJ e a CSP-Conlutas.
A direção da Aduff-SSind estará presente na manifestação e convida todos os docentes da UFF a participarem do ato de rua. Saiba mais em: https://www.facebook.com/events/1769406849938524/
PEC que retira recursos da educação está na pauta da CCJ da Câmara
Luta contra PLP 257 ganha força; governo quer forçar votação nesta terça (2)
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Prédio Multiuso em Rio das Ostras faz ‘aniversário’: dois anos fechado
Passagem da tocha em Niterói terá ato contra calamidade olímpica
Aduff-SSind participará da manifestação desta terça (02); entidade sindical se concentrará às 18h, na sede do SEPE-Niterói
A exemplo do que aconteceu em outras cidades brasileiras, a passagem da Tocha Olímpica em Niterói também será marcada por protestos populares. A manifestação pretende dar visibilidade às violações de direitos e às ilegalidades cometidas em nome do megaevento. O ato será realizado no início da noite desta terça-feira (02).
O revezamento da tocha tem início previsto para as 15h30, na Praça Araribóia, passando por São Domingos, pela Avenida Litorânea do Gragoatá e pelo MAC, até chegar em São Francisco. De lá, o revezamento seguirá até a Cachoeira, retornando para Icaraí pelo túnel Raul Veiga. O trecho final inclui toda a Avenida Amaral Peixoto, passando pela estação das Barcas. O trajeto termina no Teatro Popular, por volta das 19h, no Caminho Niemeyer, com o acendimento da pira olímpica.
‘Legado olímpico’
De acordo com a diretora da Aduff-SSind, Kate Paiva, é importante esclarecer que o ato de terça não é contra o esporte e nem contra os atletas que virão do mundo inteiro participar dos Jogos. Pelo contrário, é uma forma de dar visibilidade a questões enfrentadas pela população carioca desde 2009, quando a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. “Infelizmente, o projeto do governo do Estado do Rio de Janeiro e da prefeitura do Rio para as Olimpíadas é um projeto elaborado para atender a interesses privados e à especulação imobiliária; a saúde, a educação e os serviços públicos em geral estão sucateados. A remoção de famílias para a construção de grandes arenas, as obras superfaturadas e mal feitas que não atendem às necessidades reais da população, a violação sistemática de direitos, principalmente nas favelas – esses são nossos ‘legados olímpicos’. O ato de rua é uma forma de dialogar com quem vem assistir e participar dos jogos”, ressalta.
Concentração
A Aduff-SSind convida todos os professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) a participarem do ato. A entidade sindical do ANDES-SN realiza concentração a partir das 18h, em frente à sede do Sepe-Niterói (Rua Maestro Felício Toledo, 519, sala 705, Centro). Mais cedo, às 16h30, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ realiza assembleia geral da Rede Municipal de Niterói. Terminada a assembleia, os professores da Rede Estadual e da Universidade formam um “bloco da Educação” para participar do ato.
Na sexta (05), novo ato será realizado em Copacabana
Na sexta-feira (05), dia em que será realizada a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, no Maracanã, a Frente Povo Sem Medo, a Frente Brasil Popular, a Frente de Esquerda Socialista, a Plenária dos Trabalhadores em Luta-RJ e a CSP- Conlutas realizam nova manifestação, às 11h, em Copacabana, com concentração no Copacabana Palace. O ato tem como mote “FORA TEMER! NENHUM DIREITO A MENOS! CONTRA A CALAMIDADE OLÍMPICA!”. Saiba mais em: https://www.facebook.com/events/1769406849938524/
Docentes e estudantes criticam fim do Ciência Sem Fronteiras para graduandos
Decisão do ministério é parte da política de cortes orçamentários da Educação, afirmam
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Ministro da Educação, Mendonça Filho. Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil
“Programas de internacionalização são fundamentais para a troca de experiências entre estudantes e contribuem fortemente tanto para a melhor formação dos profissionais brasileiros quanto para o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia”, disse Renata Vereza, professora do curso de História da UFF e ex-presidente da Aduff, sobre o fim do Ciências Sem Fronteiras (CSF) para graduandos.
De acordo com a docente, a medida pode ser considerada mais um retrocesso das políticas educacionais do Estado. “Educação e Ciência se fazem com trocas. E, ao limitar essas possibilidades – o que atinge principalmente os alunos mais carentes – o governo reforça a exclusão e a elitização”, critica.
Cinco anos após a criação desse programa, o governo anunciou que buscar o aperfeiçoamento acadêmico em parceria com universidades internacionais será, a partir de então, prerrogativa apenas de alunos de pós-graduação e de estudantes de baixa renda de escolas públicas, tendo como finalidade o aprendizado de línguas estrangeiras – o que também não é garantido, pois o CSF somente será mantido se houver dotação orçamentária.
O professor de Matemática Carlos Augusto Aguilar Junior, do Colégio Técnico da UFF e 1º tesoureiro da Aduff-SSind, também critica a decisão do governo interino. “O ministro deveria explicar a partir de quais informações ele afirma que o Ciência Sem Fronteiras não atende aos objetivos. Conheço pessoas que já participaram como bolsistas e que relatam como a oportunidade foi proveitosa não só em relação ao aspecto acadêmico, mas como ganho na vida, já que possibilita o contato com outras culturas. Esse é um investimento positivo; não vejo como desperdício de dinheiro público”, analisa o docente.
Para Carlos Augusto, o fim do CSF é mais uma vertente do subfinanciamento da Educação e da Saúde públicas no país – setores que foram drasticamente afetados pela política de contingenciamento de verbas do governo federal desde 2014. “O governo diz não ter dinheiro, mas a verdade é que o déficit orçamentário do país é composto pelo pagamento dos juros da dívida”, critica.
De acordo com o MEC, desde 2011, cerca de 100 mil estudantes já foram enviados para mais de 50 países, tendo custado R$8,4 bilhões aproximadamente aos cofres públicos. Desde montante, R$3,7 bilhões foram disponibilizados somente no ano de 2015, contemplando 35 mil bolsistas.
Em entrevista ao jornal “O Globo” da terça-feira (26), o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que cada aluno do Ciência Sem Fronteiras custa cerca de R$105 mil por ano à União. Segundo ele, é necessário reavaliar a iniciativa, sob a alegação de que além de não haver recursos, esses estudantes não estariam bem preparados para frequentar as aulas em universidades dos outros países, pois não têm o conhecimento adequado para compreender o idioma. Além disso, o ministro teria dito que esses alunos estariam fazendo turismo no exterior ao invés de estudarem. O ministro não teria explicado, porém, com base em que dados afirmou isso.
Estudantes reagem à notícia
De acordo com Sara Duarte, estudante do sexto período de Letras na Universidade Federal de Viçosa, as mudanças no CSF representam mais uma consequência das inúmeras tentativas de desmonte do ensino publico e gratuito. “Essa é mais uma tentativa de sucatear a Educação. Temos notícias de diminuição de verba para assistência estudantil, diminuição de verba para programas de pós-graduação, diminuição de bolsas de pesquisa... Tudo isso até chegar ao Ciência Sem Fronteiras, que é um programa que tem muita visibilidade”, disse.
Em breve, Sara terá a chance de passar um período em Portugal para estudar, como bolsista do Programa Licenciatura Internacionais – PLI. “Vou em setembro porque o meu edital é de 2014, sendo esta, portanto, uma verba mais antiga. Mesmo assim, demorou para contarmos com a aprovação da Capes. Quatro das sete bolsas que a faculdade tinha direito foram canceladas”, revelou, evidenciando outra vertente do corte de verbas na Educação. “Esse tipo de iniciativa traz mais qualidade para o ensino superior no Brasil. Tenho muitos amigos que foram e que contam que a experiência é divina”, diz
Para Eduardo Costa, doutorando Ciências Farmacêuticas na UFRJ, que cursou parte do seu aperfeiçoamento na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, morar fora e ter contato com acadêmicos e estudantes de diversos países é, de fato, uma experiência enriquecedora para graduandos e pós-graduandos. “Ter tido a oportunidade de estudar no exterior foi muito importante tanto no aspecto pessoal quanto para o aprendizado científico”, diz. “Voltei com uma visão diferente em relação ao meu país, com vontade de contribuir ainda mais para o bem estar da sociedade a qual pertenço; uma pena ver uma iniciativa como o ‘Ciências Sem Fronteiras’ ser esvaziada ou hierarquizada”, complementou.