Nov
07
2016

"Primavera secundarista’ ocupa escolas contra PEC 241 e MP do Ensino Médio"

Movimento que já ocupa mais de mil escolas no país, sendo 850 delas no Paraná, também contesta projeto ‘Escola Sem Partido’

Da Redação da Aduff
Por Lara Abib

No Paraná, as ocupações começaram no dia 3 de outubro. De lá para cá, são 850 escolas da rede estadual de ensino e 14 universidades, de acordo com o movimento ‘Ocupa Paraná’.

Os ventos da mobilização secundarista sopraram resistência para o resto do país. Levantamentos apontam que já são mais de mil escolas geridas por estudantes em todo o Brasil.

No Rio, estado em que o movimento de ocupações teve seu auge em maio deste ano, quatro campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) participam da nova onda protestos: Duque de Caxias, Realengo, Nilópolis e São Gonçalo. Os estudantes de Realengo iniciaram as ocupações no Colégio Pedro II, que já avançam para outras unidades.

Os que não ocupam escolas reforçam as mobilizações de rua e participam dos atos contra a medida provisória do Ensino Médio – que fragmenta e empobrece a formação dos estudantes –, contra o projeto ‘Escola Sem Partido’, e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela o orçamento dos serviços públicos por 20 anos.

A Primavera Secundarista apresenta ao país uma juventude que se levanta na defesa de seu futuro, o que pode vir a ser decisivo na luta contra a retirada de direitos e contrarreformas propostas pelo Congresso e pelo governo de Michel Temer.
“Estamos nas escolas e nas ruas para mostrar ao governo que a gente está insatisfeito, que a gente tem voz e que temos o direito de estudar numa escola digna. A gente não é obrigado a ficar comendo sentado no chão, sem ter uma estrutura mínima para estudar, enquanto os filhos dos políticos frequentam colégios caríssimos. Eles têm motoristas para levá-los a todos os lugares e a gente sem estrutura mínima. Nos atos, reunimos vários colégios, vários campus e sempre ficamos juntos para dar mais visibilidade ao movimento. Queremos mostrar para a população que a PEC 241 vai afetar todo mundo, não só os estudantes. Não podemos ficar calados”, disse o estudante Denis Pietrobom, do curso técnico de Química do IFRJ Maracanã, em ato na Cinelândia realizado no dia 24 de outubro.

O jovem de 18 anos conta que o IFRJ campus Maracanã não possuiu refeitório nem mesa para os estudantes se alimentarem. “Os laboratórios estão em situação precária. A gente é uma escola tecnológica que usa reagentes vencidos há 10, 15 anos. O IFRJ vem sofrendo com falta de financiamento desde os últimos governos. A situação só tende a piorar [caso a PEC 241 seja aprovada]”, relata o estudante.

Sobre o projeto “Escola Sem Partido”, Dênis é enfático. “Eles não querem acabar com a ideologia na escola, querem impedir o pensamento crítico, querem que o jovem não pense, querem fazer a gente acreditar que está tudo bem. É assim que eles continuam sendo eleitos. A gente não precisa pensar com a cabeça do professor, a gente é capaz de criar nossas próprias ideias. A escola vai tomar partido em qualquer movimentação política sim, o jovem tem que ter sua voz”, finaliza.

* Máteria originalmente publicada na edição da segunda quinzena do Jornal da Aduff-SSind.
Foto: Luiz Fernando Nabuco - Alunos na passeata no Rio de 17 de outubro: não à PEC 241, à mordaça e à MP do ensino médio