Nov
01
2016

Reitoria aumenta ‘Bandejão’ em 200% para servidores

Medida tomada sem debate com setores envolvidos encarece refeição para parcela dos trabalhadores da UFF; valor dos estudantes segue o mesmo

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira

A Reitoria decidiu aumentar em mais de 200% o preço da refeição no restaurante universitário para todos os servidores da UFF – professores, trabalhadores terceirizados e técnico-administrativos. O novo valor vigora desde a segunda quinzena de outubro e, assim que seja restabelecido o funcionamento do restaurante, eles terão que desembolsar não mais os R$2,50 atuais e, sim, R$8,00 para se alimentar no bandejão ou nos refeitórios. Para os estudantes, permanece o valor de R$0,70. Para os visitantes, o valor subiu de R$8,00 para R$10,00.

A medida foi publicada no Boletim de Serviço do último dia 21 de outubro, sexta-feira, na mesma semana em que, dias antes, a assembleia dos técnicos deliberou pela deflagração da greve a partir de 24 de outubro. Segundo o documento, tal ação visa garantir a sustentabilidade do restaurante universitário, mantido com verbas do Pnaes, “destinados exclusivamente à assistência estudantil”.

Além disso, a nota assinada pelo pró-reitor alega que os servidores públicos e os funcionários de empresas terceirizadas “fazem jus a auxílio-alimentação em seus contracheques, o que não justificaria que suas refeições pudessem ser subsidiadas a preços inferiores ao preço de custo”.

“Só perdemos direitos conquistados há dura pena”, diz servidora

Segundo uma servidora da UFF que não quer se identificar por medo de represálias, o aumento no valor da alimentação é mais uma face da ação persecutória da administração central contra os trabalhadores técnico-administrativos e terceirizados. Os servidores públicos federais recebem R$458,00 como auxílio alimentação – beneficio que só teve aumento depois da última greve, em 2015, pois, antes, recebiam menos de R$400. “Poder fazer as refeições a um menor custo na instituição que trabalhamos é de extrema importância para muitos de nós, que temos salários defasados, que não acompanham as perdas inflacionárias dos últimos anos”, disse uma funcionaria à reportagem da Aduff.

De acordo com ela, a iniciativa da administração central da UFF chegou em péssima hora, quando a classe trabalhadora sofre gradativamente a queda de seu poder aquisitivo e a retirada de direitos históricos, como é o caso das 30h, na UFF. “A Reitoria tem conseguido a antipatia de muitos servidores da instituição, pois, é claro que existe uma política contra os funcionários da UFF, contra o sindicato. Processam os coordenadores e tentam criminalizar o Sintuff; implementam as 40h de forma antidemocrática e esvaziam as sessões do Conselho Universitário, ou não as realizam mesmo tendo quorum, como aconteceu ontem (26), para que não possamos debater esse tema, que afeta a todos nós”, contou a servidora. “Tenho medo de me identificar e sofrer retaliações porque somos permanentemente assediados”, complementou a concursada, que atua na UFF há aproximadamente sete anos. “Só perdemos direitos conquistados há dura pena”, finalizou.

Terceirizados

Diante da perspectiva de implementação das 40h para os trabalhadores concursados na UFF, os terceirizados têm convivido, nos últimos meses, com o fantasma da demissão. Não obstante, se não trouxerem comida de casa, não têm como comer todos os dias na rua. Eles recebem cerca de R$300 mensais de vale-alimentação, que não dão para garantir almoço e lanche fora de casa. “Isso é um absurdo; é um gasto muito grande para o trabalhador; um terço do salário somente para alimentação”, disse um terceirizado da Kroll à reportagem da Aduff-SSind, que considerava o valor subsidiado pela Reitoria um benefício para os trabalhadores da UFF.

Sintuff vai à Reitoria cobrar explicações

De acordo com o servidor Carlos Abreu, um dos coordenadores-gerais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF (Sintuff), o assunto foi mencionado em assembleia da categoria, realizada na tarde da segunda (31), no Hospital Universitário Antonio Pedro. Uma comissão irá pedir esclarecimentos à Reitoria sobre o aumento repentino do bandejão.

Na mesma assembleia, que contou com a presença da assessoria jurídica do sindicato, os técnico-administrativos decidiram pela manutenção da greve, que clama pela revogação da PEC 241 (ou PEC 55, como foi nomeada ao ser remetida para apreciação do Senado) e ainda pelo direito às 30horas semanais de trabalho na UFF.